sábado, 21 de abril de 2012

COLETA SELETIVA ENSINADA E DISCUTIDA NOS CORDÉIS

O lixo é um problema global e preocupa os líderes mundiais, ora empenhados na busca de alternativas para a destinação dos resíduos sólidos produzidos pelo homem. O caminho apontado é a coleta seletiva e a reciclagem. Mas, soluções, mesmo, só a partir de ações que envolvam o tripé governos-iniciativa privada-sociedade, com informação, orientação e sensibilização da população, através de ações de educação ambiental, em todos os níveis.

Pouco são os trabalhos do gênero desenvolvidos nas três esferas de poder e o tema é tratado pela grande mídia de forma periférica. No momento, a salvação vem dos poetas populares, que têm dado destaque cada vez maior à questão da coleta seletiva e da reciclagem, fazendo jus à condição de educadores sociais, segundo classificação registrada por Eduardo Viola, no seu livro “O ambientalismo multissetorial no Brasil”. 



A literatura de cordel, uma cultura de fortes raízes no Nordeste brasileiro, vem sendo utilizada como ferramenta de difusão de conhecimento e entendimento sobre a temática. Dentre quase cem folhetos que colecionei nos últimos dois anos sobre questões ambientais, cinco retratam exatamente o problema dos resíduos sólidos:


- “A coleta seletiva e a reciclagem de lixo”, de Ismael Gaião da Costa (Condado, PE);
- “O problema do lixo”, de José Acaci (Natal, RN);
- “Lixo. Onde botar?”, de Abdias Campos (Recife, PE);
- “O mundo não é lixeira”, de alunos da Escola Pequeno Príncipe (Campina Grande, PB) e
- “Quem ama não suja”, de Manoel Monteiro (Campina Grande, PB). 


Os folhetos passam a mensagem da necessidade de maior empenho da população para melhorar as condições de vida e equilíbrio ecológico. A carga de conhecimento e informações trazidas  no seu interior relacionam o problema à forma e às condições de vida do homem na atualidade. 


Utilizando uma linguagem simples, clara, direta e objetiva; embasamento conceitual e metodológico, os folhetos têm abrangência e ressonância; são capazes de esclarecer a população e reduzir a grande distância existente entre a ciência e as classes (ditas) excluídas. 

Na era de comunicação globalizada essa manifestação folkcomunicacional constitui-se num veículo de informação que permite construir e reconstruir discursos de caráter informal voltados à discussão dos variados temas relacionados às transformações sociais e à sustentabilidade. 

O cordel é o verdadeiro jornalismo popular, empenhado não apenas na tentativa de tornar comum os diversos temas voltados às questões ecológicas, mas ser a ferramenta de educação ambiental, na medida em que informa, esclarece e orienta as massas.

Não é à toa que o professor e cordelista sergipano José Antônio dos Santos afirma:


“Ao escrever os seus versos
O poeta popular
Se inspira na natureza
Logo começa a rimar
De formiga ao elefante
Ele sabe versejar.


Somente quem tem o dom,
O dom da filosofia; (...) 
Sabe escrever poesia.” 


E conclui: “O poeta do cordel é repórter popular (...) traduz os fatos como verdadeiros jornalistas”.

Alexandre Acioli

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